13 de dez. de 2009

A HISTÓRIA DO TEATRO: em tempos modernos e contemporâneos

Com Appia se pode compreender que com a simples concepção de que teatro é um espaço fechado, destinado à apresentação de peças que correspondem a uma determinada cultura e comunidade. A fim de representar manifestações de sentimentos em suas mais variáveis expressões e revelias. Durante muito tempo contava com o espaço e a proeza dos atores para o fazer teatral.


Dessa forma, ele coloca que com a inovação da luz combinando com as cores, a musicalidade e o desempenho do ator e a criatividade, a qualidade interpretativa são outras, o que favorece o clima e a ambientalização da cena em uma fase tridimensional.

Além disso, os efeitos estéticos do espaço físico criam uma atmosfera que conspiram harmoniosamente para o sucesso do espetáculo, dando ênfase a cena e possibilitando a economia visual.

Criando assim, um ciclo, segundo a teoria de Appia, os atores contracenam com a luz a qual, por sua vez, contracena com a música. Dessa forma, considera-se que a controlada luz no palco unifica e realiza as intenções expressivas.

Assim, compreende-se que o teatro começa a trabalhar em prol do espaço e formas estéticas do espaço físico para dar qualidade a ação.

Daí a importância dos pontos de apoio para dar condições do ator se locomover com maior capacidade e qualidade durante a cena utilizando e usufruindo da questão do movimento econômico, considerando o fato de que ele é o elemento vivo e plástico e o centro da cena.

Para se pensar o ator como um corpo no espaço é necessário considerar que dentro do ambiente cênico é o ator que o estimula, confronta, modifica contradições em alternativas criativas e condizentes.

Já com Stanislavski o aprendizado se voltou para a necessidade de criar um espetáculo que vá atrair um grande público, significa atender a exigências e expectativas do público, no que tange a harmonia entre os artefatos tecnológicos e humanos, em suas combinações de cores, luz, musicalidade e movimento que criam um mundo tridimensional, com jogo de luzes e sobras que aumenta o valor plástico do universo cênico, e da mistura de ficção e realidade diante do paradoxo teatral a mais pura magia do vislumbre da arte.

Antes de falar da obra acredito ser fundamental falar do autor, Konstantin Sergueievitch Alekseiev passou a ser mundialmente conhecido como Stanislavski, por sua obra que despedaça os passos da formação do ator, criação do papel e construção da personagem. Segundo uma pesquisa que realizei na internet no e encontrei esse texto que faz parte da Coletânea “Gente de Teatro, escrito por William Mendonça que descreve que Stanislavski, nascido a 5 de janeiro de 1862, em Moscou, e morreu na mesma cidade, em 7 de agosto de 1938.

Mendonça coloca que a sua carreira teve início em 1885, quando ingressou na Escola Teatral de Moscou. Desentendeu-se com a família, deixou a escola e prosseguiu como autodidata. Pouco tempo depois, em 1889, começou a dirigir, alcançando êxitos no teatro russo e mostrando talento. Em 1897 acontece o seu encontro com Nemirovitch-Dantchenko, com quem criou, no ano seguinte, o Teatro de Arte de Moscou.

Reflete que Stanislavski foi o pioneiro em montagens de textos de Tchekhov – certamente o mais importante autor teatral russo. Em 1905, acrescentou ao teatro o “studio” experimental, base de sua pedagogia e crítica do teatro. Celebrizou-se, a partir desta época, a frente do Teatro de Arte, com temporadas na Europa e nos Estados Unidos. As principais montagens que realizou foram de “A gaivota”, de Tchekhov; “Othelo” e “Julio César”, de Shakespeare; e “O pássaro azul”, de Maeterlink.

Dessa forma, pode-se afirma que para um autor criar uma personagem precisa estudar suas características, e diversos aspectos que a envolve, como aspectos sociais, religiosos, culturais e personificar tudo.



A obra em discussão é a peça “A Gaivota”, de Anton Tchekhov, nomeada como uma comédia que é composta de quatro atos. O primeiro ato ocorre em uma fazenda de Sórin, a personagem da peça, a beira do lago. Percebe-se que Stanislavski lança mão de efeitos especiais para tornar a cena real. Ainda neste ato, as personagens são apresentadas, e inicia o enredo como um jogo, onde o espectador faz a montagem e da veracidade a cada momento descobre mais informações no desenrolar do enredo.

O que se pode notar é que o caráter psicológico, o perfil, de cada uma das personagens são marcantes e as histórias de misturam criando um elo entre a paixão e a traição, fala da necessidade de ser feliz e se completar com outro, um amor não correspondido.

Já no segundo ato, as personagens começam conversando na varanda da casa da fazenda, onde revela parte da mistura dos sentimentos, dos enganos e desenganos. A partir de momento a peça toma outro rumo, algumas personagens saem de cena, cria-se situações de constrangimento e paixões platônicas.

Assim, que inicia o terceiro ato desenrola a drama, acontecem algumas mudanças, a história revela e desvela muita coisa, onde apresenta as desilusões e revelações de segredos antigos, que toma a cena e deixa um suspense no ar.

Para terminar, no último ato, as personagens aprecem como se fossem revelar ao espectador o desenrolar do enredo, dando soluções a drama, refletindo sobre suas experiências e sofrimento, um a situação que mistura conflito interno vivido por cada personagem e as situações do dia-a-dia de muitas famílias, que viveram situações de amores impossíveis e paixões platônicas.

Acredito que a peça foi realizada a partir de idéias expressionistas de Tchekov, em meados do século XIX, que apresenta situações do dia-a-dia de uma família russa aristocrata em declínio.

A peça é arquitetar a partir da realidade de meados da segunda metade do século XIX, apresenta o cotidiano de uma família russa aristocrata em plena falência.

Em suma, é um texto complexo que permite diversas leituras, inclusive, de gênero como drama, comédia, farsa, romance, etc., em sentido real da aproximação das cenas ao contexto vivido, onde o espectador reflete sobre o enredo de forma crítica e filosófica.

O texto fala e reflete sobre a importância da preparação do ator em técnicas para desenvolver a performance. Veja fica bem claro isso nessa parte:

"A cena toda é exteriorizável em função de seus explicítos fundamentos estudados durante o processo de exploração do papel por parte do ator. O interior é a intimidade cada vez mais intensificada com o papel. Desdobra-se o ator em observador e agente, sujeito e objeto de sua atividade de representação, CORRIGINDO-SE, MODIFICANDO-SE PARA INTERPRETAR".

Stanislavski reflete em seu texto a necessidade do uso de técnicas para garantir a aproximação do ator a personalidade da personagem, e deixa claro que o ator e a personagem são diferentes. Acrescenta que não recomenda que se permita representar exteriormente o que não se experimentou interiormente.

Para Stanislaviski a medida que internaliza e naturaliza seus atos o ator desenvolve um tipo de controle sobre a ação e passa a ser uma espécie de observador, e nesse processo passa a controlar situações desnecessárias de desgaste, tornando a performance flexível.

Portanto, o texto fala sobre a importância do treinamento e da concentração, para a aproximação do ato cênico evitando tensões musculares e naturalizando os movimentos.

Em Meyerhold , de acordo com a proposta da leitura proposta percebe-se que o teatro naturaliza a cena propondo uma cópia do estilo histórico, considerando o rosto como interprete essencial das ações do ator, abandonando todos os outros meios de ações. Revela que a metodologia análise do processo de criação teatral faz com que o olhar do diretor seja mais amplo diante da prática contemporânea de atuar do ator.

Assim, fala da importância dos movimentos e de estabelecer o um elo entre o eixo e a rotação, para criar a estabilidade, e é de fundamental importância para compreendermos a necessidade do treinamento para tornar voluntárias as atividades tidas como involuntárias. Para assim, flexibilizar o tônus corporal, podemos produzir movimentos econômicos e focados para o dia-a-dia, e que, com objetivo determinado, também sirvam de apoio para a produção de voz em altas intensidades, contribuído para o exercício de profissões como a de atores, cantores e professores, e como também, usar técnicas para aprender o texto, focando a respiração e a intenção.

O foco do texto é refletir sobre a importância da preparação do ator, e do equilíbrio, como fonte de adequação ao ato de encenar, o que pode-se fazer um elo com as experiências vivenciadas nas aulas de Laboratório de Teatro, ministrada pela professora Sulian.

Dessa forma, a contribuição de Meyerhold foi encontrar e protagonizar novos caminhos para a preparação da interpretação do ator, preocupando-se com a capacitação profissional.

Sendo assim, Meyerhold como seguidor de Stanislaviki, estabeleceu estudos entre a tradição teatral do oriente e ocidente para fundamentar a biomecânica teatral.

Então, segundo essa teoria a biomecânica transforma o corpo do ator como uma ferramenta, embasado na excussão de exercícios de tarefas simples, momentâneas.

Assim, os textos refletem sobre a importância da formação do ator, do treinamento e da capacidade de executar movimentos com equilíbrio e destreza, como gestos e movimentos que expressão sentimentos, como o corpo que produz som.

Brecht , foi "Marxista desde do final de 1920, fez o seu teatro épico, onde sua prática é um resumo dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsecolod Emilevitch Meyerhod, que partem do conceito de estranhamento,do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatral experimental da Rússia Soviétiva. Em suma, o seu trabalho pressupõem uma crítica ao desenvolvimento das relações humanas com relação ao sistema capitalista" .

Então, suas obras também foram influências pela teoria de Stanislavski, que fundamentou seu teatro épico, o pode-se afirma que ele joga com as questões sociológicas, ou seja, comportamento do ser humano em sociedade e as leis que agregam. Para ele, a reforma baseia-se no acatamento da diferença entre a realidade e a ficção.

Segundo Rosenfeld, "Foi desde 1926 que Brecht começou a falar de ‘teatro épico’, depois de pôr de lado o termo ‘drama épico’, visto que o cunho narrativo da sua obra somente se completa no palco" (ROSENLD, 1965, p. 146), é possível inferir, portanto, a importância que a encenação tem para os textos brechtianos. É só através da atitude dos atores, do cenário, da música, dos sons e até do silêncio que seu pensamento se completa, só através destes elementos que seu texto causará o efeito desejado, caso o contrário seu não causará o impacto devido .

Portanto, Bertold Brecht é acredita que é necessário um conjunto de comportamentos significativos a serem utilizados em palco que os homens adotem uns diantes dos outros para dar simbologia ao contexto.

Segundo a leitura das discussões do fórum Grotowski, procura estabelecer um elo entre o ator e a platéia em contato direto, formulando a idéia de teatro pobre, onde os únicos recursos que são usados são o palco e o ator. De acordo com sua teoria o ator se doa por inteiro para a ação teatral e, sustentava ainda a filosofia de valores na arte cênica. Pregando assim, valores com fundo religioso. E mas, em busca de um ser maior, uma transcendência superior. Para ele, os elementos fundamentais para a arte cênica são ator/platéia/palco o que foge a regra de Stanislavski e Brecht e outros que já estudamos.

Seguindo esse pensamento, o pobre em seu teatro significa usar o mínimo de recurso possível para utilizar o máximo do ator ou da atriz. Para ele o que realmente interessa é a preparação do ator para controlar seus movimentos de forma precisa e plena.

Desse modo, ele acreditava que a platéia deveria estar mais próxima do ator possível para criar um ambientalização da cena, um face-a-face. Assim, coloca que os atores deveriam trabalhar com a mente e o coração em perfeita sintonia.

Grotowski, tinha como fundamento a formação e preparação de atores, o auto-controle do seu corpo em movimento em performance.

De acordo com as leituras realizadas nos materais disponibilizados no AVA, percebe-se que o teatro de Beckett é inovador e totalmente inerente, que coloca o moderno e pós-moderno em foco, parte do pressuposto do contra ataque mediado pelo corpo presente ou não em cena.

Para ele, "constitui-se em um ataque às conveções teatrais, assim como uma inovação em ficção constitui-se em um ataque às convenções narrativas". Onde o papel do ator é recriado pela intenção da interpretação. Tornando-se percussor do teatro do absurdo com críticas contra a modernidade, banalizando. O texto coloca que nesse ataque, Beckett despojou o teatro de sua teatralidade ostensiva, reintroduziu temas metafísico e indeterminação na autoconfiante arte plásticas do teatro, o que vemos em tecnologias na escola 2, com as propostas do teatro tridimensional, o que comprova quando coloca que “agoridade da personagem, através delevar a platéia a questionar o que ele pensa estar assistindo, ao disponibilizar para nós figuras que não estão aqui”. O que é retratado no seguinte fragmento do ACT WITHOUT WORDS (1995), “Um homem é lançado para o palco, vindo da direita do fundo. Ele cai, levanta-se de imediato, tira o pó de si, coloca-se em paralelo e põe-se a pensar”. Beckett, dessa forma, renova seu ataque a materialidade teatral ou contra a materialidade da personagem.

Todas as teorias discutidas são essenciais para compreendermos a evolução histórica do teatro, uma vez que o mesmo sofreu grandes modificações e muitas feitas por revolucionários que desfiguraram o palco e o ator dando-lhes novas dimensões e criando espetáculos tridimensionais com o uso da tecnologia e criatividade humana.



REFERÊNCIAS

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/semana01appia.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/dramawagnereappia.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/SEMANA_II.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/comparacaolivrosstanislavski.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/SEMANA_O3.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/SEMANA_IV.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/enunciadosbiomecanica.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/meyerholdtextoteatronaturalista.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/meyerholdtextomodernidade.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/SEMANA_V.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/estranhamento_no_teatro_chines.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/Em_Busca_de_um_Teatro_Pobre_-_Grotowski.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/Da_Companhia_Teatral_a_Arte_Como_Veiculo_-_Grotowski.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/tesegrotowski.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/ACTWITHOUTWORDStraducaoportuguesminha.pdf

http://arteduca.unb.br/ava/file.php/101/ensaiogontarski_2_.pdf

O USO DA TECNOLOGIA NA ESCOLA E O FAZER TEATRAL

O tema tratado na unidade 4,na Licenciatura em Teatro (Prolicen da UNB), trata-se de produção e difusão de informação artística na Internet Produção e difusão de informação artística na Internet. Considerando que a internet hoje é o veiculo de comunicação mais utilizado as pessoas acabam utilizando-a como palco de manifestações artísticas.

Não esquecendo da importância da tecnologia na escola, considerar que com a intensificação do uso das tecnologias na sociedade moderna não é de se estranhar que a informática esteja cada vez mais presente no cenário educativo. A introdução das ferramentas tecnológicas no processo educativo tem lançado alguns questionados e desafios para os profissionais de educação. Até que ponto a introdução das tecnologias na educação beneficia a formação integral do cidadão?

O que é necessário, então, fazer para que o uso da informática dê certo? Na visão do pedagogo Wagner Antônio Júnior, coordenador do Projeto de Apoio Informatizado da Faculdade de Agudos/SP, “a tecnologia deve ser utilizada para apresentar e aprofundar conteúdos curriculares. Usar o computador somente para ensinar programas de informática é desperdício” (MARTINS, 2008, p. 84).

O uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem não deve se restringir ao objetivo de tão-somente dar aulas de informática ou de levar o aluno a conhecer diferentes recursos tecnológicos. O intuito é melhorar o aprendizado é para isso é preciso escolher adequadamente os conteúdos a serem apresentados ou apresentados na sala e informática, tornando a aula produtiva e objetiva (MARTINS, 2008, p. 85).

Outro aspecto importante é quanto à seleção dos programas a serem utilizados. O uso do computador pode possibilitar tanto o acesso à rede eletrônica de informações – a Internet – como também pode permitir o uso dos programas para editar textos, resolver situações-problemas em planilhas, etc.

REFERÊNCIAS


ARROYO, Miguel G. Reinventar e formar o profissional da educação básica. In: BICUDO, Maria Aparecia V.; JÚNIOR, Celestino Alves da Silva. Formação do educador: dever do Estado, tarefa da universidade. São Paulo, 1996.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.9394/96). Brasília: 1996.

COELHO, Ildeu M. Formação do educador: dever do Estado, tarefa da universidade. São Paulo; 1996.

SUÁREZ, Daniel. O principio educativa da nova direita; neoliberalismo, ética e escola pública. In: GENTILI, Pablo. Pedagogia da exclusão: crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 253-270.

ZEICHNER, Kennet M. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. EDUCA, 1193.

A arte do Hiperpalco


A proposta do Hiperpalco no contexto do fazer teatral está a perspectiva da visualização em tempo real da performance, contextualizando o uso dos avanços tecnologicos na construção de um novo paradigma teatral.
Muito se acredita na construção de um novo espaço para apresentações teatrais, onde uma personagem pode interagir com a outra mesmo estando em longas distâncias. Com o uso da tecnologia x o fazer teatral a favor da formulação de novas perspectivas educacionais na construção de novas práxis para melhoria e qualidade do ensino, com características inovadoras e possibilitando ao individuo a autoria da formação de seu conhecimento a partir de discussões coletivas e interativas, onde a informação é em tempo real.



REFERÊNCIAS
http://csgames.incubadora.fapesp.br/portal/Members/jranhel/TV%20Digital,%20jogos%20e%20narrativas%20interativas%20na%20TVi%20-%20Joao%20Ranhel.pdf

EDUCAÇÃO DIGITAL


Com a intensificação do uso das tecnologias na sociedade moderna não é de se estranhar que a informática esteja cada vez mais presente no cenário educativo. A introdução das ferramentas tecnológicas no processo educativo tem lançado alguns questionados e desafios para os profissionais de educação. Até que ponto a introdução das tecnologias na educação beneficia a formação integral do cidadão?

Como toda mudança gera incerteza, com a educação digital não é diferente. Há aqueles que apóiam e investem no uso das novas tecnologias na prática educativa como uma possibilidade de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem e favorecer a formação plena do cidadão.

A finalidade deste estudo é discorrer alguns apontamentos sobre a educação digital, destacando as implicações positivas e negativas do uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, é relevante descrever brevemente o histórico da informática na educação e como as novas tecnologias podem ser usadas dentro da sala de aula para inovar e melhorar o processo educativo.

No Brasil, os primórdios de uma educação digital surgiram com uma iniciativa do Ministério da Educação que buscou disseminar a informação no sistema brasileiro de educação pública.

Inicialmente, o MEC patrocinou o Projeto Educom (1985-1991), destinado ao desenvolvimento de pesquisas e metodologias sobre o uso do computador como recurso pedagógico, do qual participavam quatro universidades públicas: Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro – URFJ, e Universidade Federal do Rio Grande do Sul – URFGS (ALMEIDA, 2000, p. 139).



Além disso, o MEC também adotou uma política que tinha por objetivo implantar em cada estado brasileiro um Centro de Informática na Educação – Cied. Na tentativa de subsidiar o funcionamento desses centros, o MEC criou o Projeto Formar, visando preparar professores para utilizar a informática na educação (ALMEIDA, 2000).

O Projeto Formar desenvolveu-se na Unicamp, por meio da realização de dois cursos de especialização na área de informática na Educação, um em 1987 e outro em 1989. Participaram profissionais de todo o Brasil, e cada turma contou com cinqüenta participantes, o que exigiu grande esforço dos organizadores e concentração de recursos (físicos, humanos, financeiros e de equipamentos), pois na época nenhuma instituição tinha disponibilidade para atender aquela demanda (ALMEIDA, 2000, p. 139-140).

Os professores que participaram do projeto Formar foram os pioneiros em estruturar e implantar os CIED (Centros de Informática Educativa) junto às Secretarias de Educação às quais pertenciam. Assim, nos anos de 1988 e 1989 foram implantados 17 CIED e em 1997 havia 20 nos Estados brasileiros (TAVARES, 2008).

Outro projeto-piloto que atuou na formação de professores foi o PRONINFE, instituído pelo MEC em 1989. Segundo Tavares (2008):

O PRONINFE possuía um modelo funcional e geograficamente descentralizado, funcionando através de centros de informática na educação espalhados por todo o país. Esses centros contavam com apoio mútuo, divulgando e analisando projetos educacionais, seus objetivos e resultados. Outro ponto forte do PRONINFE era a formação de professores dos três graus (hoje fundamental, médio e superior), bem como na área de educação especial e em nível de pós-graduação. Também visava a pesquisa sobre a utilização da informática na educação, aproveitando a interatividade e a interconectividade que o computador possibilitava (p. 6).



Em 1997 surge uma versão atualizada do projeto PRONINFE: o PROINFO, cuja proposta se pauta no sentido de introduzir a informática na rede pública de ensino por meio de redes técnicas de produção, armazenamento e transmissão de informações. De acordo com as diretrizes do Documento referente ao PROINFO, os objetivos deste programa visam:

1) melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas, através da igualdade no acesso instrumentos tecnológicos e desenvolvimento de atividades apropriadas de aprendizagem partindo da realidade regional. Busca-se a melhoria do processo de construção do conhecimento, através da diversificação dos espaços do conhecimento, dos processos e das metodologias empregadas;

2) possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação adequada das novas tecnologias da informação pelas escolas, diminuindo o espaço existente entre a cultura escolar e a cultura extra-escolar;

3) propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico, para a criatividade, a agilidade na resolução de problemas, o raciocínio, o manejo da tecnologia e para um maior conhecimento técnico por parte do educando;

4) educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida .



Levando em consideração tais propostas, torna-se salutar indagar: Até que ponto a introdução das tecnologias na educação beneficia a formação integral do cidadão?

Para responder esse questionamento é importante primeiramente destacar que a escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe. Assim, é importante que na escola o aluno tenha condições de não só fazer uso das tecnologias de informação como também lidar criticamente com elas em seu processo de formação.

Vale destacar que o uso da informação na educação traz benefícios para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem na medida em que permite uma perspectiva de formação integral, onde o recurso tecnológico não é apenas um instrumento de motivação, mas de construção do conhecimento, de aprendizagem.

Dentre as vantagens que o uso da informática pode apresenta para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, pode-se destacar:

• O apelo visual do computador enquanto recurso didático;

• A possibilidade de interação através do uso de software e da Internet;

• O uso de ferramentas versáteis disponíveis em sites e que podem ser usadas no processo de construção do conhecimento;

• A ampliação das possibilidades de mediação pedagógica do professor;

Em contrapartida, é preciso atentar também para o fato de que existem fatores de resistência ao uso da informática na educação. Dentre eles, destaca-se o equívoco que o uso do computador poderia colocar em xeque a profissionalização do professor.

Outros questionamentos também se despontam no debate sobre o uso da informática na educação: Até que ponto as nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais? Os professores estão devidamente capacitados para usar os recursos tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem?

Frente ao exposto, acredita-se que o uso da informática pode contribuir para a melhoria da educação como um todo. Mas para que isso aconteça é preciso rever conceitos, modelos didáticos e formas de relacionamento inerentes ao processo de ensino-aprendizagem.

O que é necessário, então, fazer para que o uso da informática dê certo? Na visão do pedagogo Wagner Antônio Júnior, coordenador do Projeto de Apoio Informatizado da Faculdade de Agudos/SP, “a tecnologia deve ser utilizada para apresentar e aprofundar conteúdos curriculares. Usar o computador somente para ensinar programas de informática é desperdício” (MARTINS, 2008, p. 84).

O uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem não deve se restringir ao objetivo de tão-somente dar aulas de informática ou de levar o aluno a conhecer diferentes recursos tecnológicos. O intuito é melhorar o aprendizado é para isso é preciso escolher adequadamente os conteúdos a serem apresentados ou apresentados na sala e informática, tornando a aula produtiva e objetiva (MARTINS, 2008, p. 85).

Outro aspecto importante é quanto à seleção dos programas a serem utilizados. O uso do computador pode possibilitar tanto o acesso a rede eletrônica de informações – a Internet – como também pode permitir o uso dos programas para editar textos, resolver situações-problemas em planilhas, etc.

Segundo, José Júnio Lopes, Coordenador do Laboratório de Informática do Colégio Joana D’Arc – São Paulo, “a Internet nem sempre é imprescindível. O aluno pode fazer apresentações em slides, usar editores de textos e elaborar planilhas e gráficos. Essas ferramentas não requerem o uso da Internet” (MARTINS, 2008, p. 84).

O roteiro da aula também é importante. Atividades precisam ser bem estruturadas e planejadas de acordo com a realidade do aluno. Além disso, o uso dos recursos tecnológicos deve coincidir com incentivo à interação. É o professor o responsável pela mediação da interação do aluno com o objeto do conhecimento no processo de ensino-aprendizagem.

Mostra-se também relevante o uso de jogos educativos; a exploração adequado do audiovisual; a orientação adequada para evitar a desatenção e a criação do aluno bem como criar um espaço lúdico na sala de aula.

Segundo a professora Léa da Cruz Fagundes, presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre:

o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de idéias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes (ALENCAR, 2004, p. 24).



A referida especialista afirma também que o professor não deve ter medo de errar e nem vergonha de dizer não sei quanto estiver a frente de um micro. O professor só vai descobrir como usar o computador na sua rotina diária quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças (ALENCAR, 2004, p.24).

Fazer da informática um recurso de aprendizagem não é uma tarefa utópica. Requer desprendimento e compromisso não só do professor, mas da parceria entre escolas, governo e instituições públicas e/ou privadas. A comprovação disso é que algumas experiências estão sendo bem-sucedidas, dentre elas destaca-se:

• Word Links – Programa criado originalmente pelo Banco Mundial. É uma ONG que atua desde 2002 em 26 países, incluindo o Brasil. Visa a criação de comunidades de aprendizagem interativa, colaborativa e cooperativa, mediante o uso das telecomunicações na escola.

• Projeto Infovias/Educação – iniciado em 2000 como pesquisa da Faculdade de Educação da UFG. O objetivo inicial era a introdução, para professores e alunos de graduação de pedagogia, no uso de tecnologias na educação.

• Cooperação Internacional no Distrito Federal – o Centro de Ensino Médio 02 e outras escolas do DF participam de um projeto com o Canadá, visando a disseminação de informações entre os dois países. O intercâmbio cultural possibilita superar as dificuldades de acesso e o baixo índice de computadores em redes disponíveis, realizando atividades educacionais inovadoras.

O crescimento de experiências bem sucedidas depende, portanto, da ação de novas abordagens pedagógicas, novos caminhos que acabem com o isolamento da escola e a coloquem em permanente situação de diálogo e cooperação com as demais instâncias existentes na sociedade, a começar pelos próprios alunos. O uso da informática na educação não deve se expandir apenas em termos quantitativos com a alocação de recursos nas escolas. Ao contrário, é preciso usar esses recursos como grandes possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e social dos alunos, fundamentado uma nova perspectiva de educação: educação para a vida.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Marcelo. Podemos vencer a exclusão digital. Revista Nova Escola, Seção Fala Mestre!, nº 172, Fundação Victor Civita, mai/2004, p. 24-26.

ALMEIDA, Maria Elizabeth de. PROINFO: Informática e Formação de Professores. Vol. 1 e 2. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2000.

IBE. Instituto Brasileiro de Educação. Tecnologias da Educação. Brasília, 2008.

MARTINS, Ana Rita. O melhor do computador. Revista Nova Escola, Ano XXIII, Nº 215, set./2008, p. 84-85.

PROINFO. Disponível em http://www.proinfo.mec.gov.br. Acesso em out./2008.

TAVARES, Neide Rodrigues Barea. História da informática educação no Brasil observada a partir de três projetos públicos. Disponível em http://www.lapeq.fe.usp.br/textos/tics/pdf/neide.pdf. Acesso out./2008.

PROVA DE COMPETÊNCIA

DEFENSORES DO MEIO AMBIENTE



PROJETO PEDAGÓGICO COM AGRINHO:

Impacto Ambiental Causado pelos resíduos sólidos



VANDERLI CASSIA BARROS


Cassia_cbk@hotmail.com






2009

1. TÍTULO DO PROJETO



PROJETO PEDAGÓGICO COM AGRINHO:

Impacto Ambiental Causado pelos resíduos sólidos



2. PROBLEMA

 Como promover a educação ambiental a partir da conscientização sobre os efeitos do mau tratamento do lixo em nossa comunidade, cidade e mundo.



3. JUSTIFICATIVA

O presente projeto parte da necessidade de apresentar aos alunos a realidade e os efeitos do mau tratamento do lixo em nossa comunidade, cidade e mundo; confrontando assim, realidade/teoria/prática, discutida em curso de formação continuada do Projeto Agrinho,

Dessa forma, pretende-se com este propor aos alunos uma consciência ecológica e ambiental da necessidade de um tratamento adequado para o lixo produzido em nosso dia a dia em casa, na escola, nos comércios, nas fábricas e demais estabelecimentos, como também na zona rural.

Em suma, o significado de lixo, advém da linguagem técnica é sinônimo de resíduos sólidos, trata-se dos materiais de tudo aquilo que é consumido, por exemplo, plástico, papel, metal, vidro, entre outros, materiais esses que podem, na maioria das vezes, serem reciclados. Daí a necessidade de desenvolver a criatividade para reaproveitar esses materiais, retirando do meio ambiente e diminuindo o impacto ambienta.

O Impacto ambiental, ou destruição ambiental, é o tema mais discutido atualmente pela sociedade letrada, mas com pouca ação de preservação, fala-se muito e se faz muito pouco.

O que é necessário se compreender é o fato que se precisa solucionar este problema de qualquer forma. O primeiro passo, com certeza é a consciência daquilo que é mesmo necessário consumir para a sobrevivência de cada individuo. Nesse sentido, se estabelece a questão pedagógica de formar cidadãos conscientes e responsáveis pela questão ambiental.

Portanto, este projeto tem por finalidade promover de forma significativa os conhecimentos necessários para formar cidadãos conscientes e responsáveis pela sua própria história.



4. OBJETIVOS

GERAL:

- Desenvolver e promover uma consciência ecológica crítica e educativa em torno da realidade da coleta e tratamento do lixo nesta cidade, e também promover situações significativas de aprendizagem que possibilitem aos alunos questionar, refletir e propor soluções para o problema ambiental “LIXO”.



ESPECÍFICOS:

• Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar;

• Melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;

• Prolonga a vida útil de aterros sanitários;

• Gera empregos para a população desqualificada;

• Contribui para a valorização da limpeza pública e para formar uma consciência ecológica.

• Tornar-se proposta de educação ambiental neste Município e região.

• Ser referência em Educação Ambiental a nível nacional.



5. METAS



- Desenvolver atividades de prática da leitura e da escrita, utilizando o conhecimento de que dispõe, no momento, sobre tema “LIXO”, “POLUIÇÃO”, etc..

- Identificar e compreender a formação do meio ambiente com a ajuda de profissionais especializados (agrônomo, geólogo, biólogo, engenheiro florestal; entre outros);

- Organizar atividades de alfabetização que permitam a construção de hipóteses sobre o tema proposto.

- Identificar/relacionar a importância e a necessidade de uma educação ecológica.

- Identificar e compreender informações diversas dentro de textos e aplicá-los deforma significativa no seu dia a dia.

- Desenvolver atividades em que os alunos escrevam e interpretem seus escritos, tais como: escrita de listas de lixos produzidos em casa, na escola, no comércio, etc..

- Explorar diferentes tipos de brinquedos, construindo brinquedos com materiais alternativos (sucatas).

- Resgatar brincadeiras e canções folclóricas.

- Organizar brincadeiras e atividades com música que permitam as crianças expressar emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades, resgatando o valor do lúdico no processo de alfabetização.

- Levantar/analisar dados estatísticos através de pesquisa com as donas de casa sobre o que é feito com o lixo do dia a dia/ como é realizada a coleta de lixo no bairro.

- Confeccionar gráficos e tabelas sobre os resultados da pesquisa realizada.

- Identificar e reconhecer os benefícios e malefícios do uso dos agrotóxicos;

- Compreender como ocorre a contaminação do solo e da água pelo mau manuseio das embalagens de agrotóxico e uso indiscriminado.

- Compreender através de leituras de textos previamente selecionados, sobre a importância da preservação do meio ambiente.

- Promover levantamento de dados sobre a atual situação do lixo em nossa cidade.

- Desenvolver, compreender e analisar as formas de reaproveitamento do lixo.

- Compreender e entender a reciclagem.

- Construir e promover situações concretas de reciclagem.

- Criar e brincar reciclando.

- Fotografar e comprovar a realidade do lixo na nossa cidade.



6. METODOLOGIA



A nossa comunidade é bastante carente, não tem consciência da importância de reciclar e não pouco reaproveitar. Em suas casas, os alunos não têm noção do que acontece no processo de reciclagem, mas mesmo assim passam um bom tempo nas ruas catando latas para vender e levar o dinheiro para seus pais.

Os adultos desperdiçam grande parte dos alimentos de suas cassas e na comunidade escolar é jogado no lixo: livros, cadernos, folhas e ate o próprio mobiliário. É possível notar grande quantidade de lixo deixado dentro da escola e nas proximidades da mesma após as aulas. Nos professores temos a obrigação de ensinar aos nossos alunos, que o que temos hoje, talvez não teremos amanha. Mostrar a eles que podemos nos divertir ajudando na preservação do meio ambiente e também construindo brinquedos de sucata.

O pressuposto educativo que embasa este projeto coincide com a proposta de educar par a cidadania, pois viabilizará o desenvolvimento de atitudes co-responsáveis em preservar a água, minimizando os problemas de degradação ambiental hídrica e assegurando a qualidade de vida de toda a comunidade.

Dessa forma, o presente projeto pretende atingir seus objetivos fazendo o próprio aluno criar seus conceitos e conhecimentos sobre a necessidade da conscientização ambiental.

Partindo de uma alfabetização e letramento em prol do mundo, onde o meio ambiente é o foco principal para preservação da humanidade na Terra. Assim, todas as atividades serão administradas pela Professora Vanderli Cassia, promovendo a formação do cidadão construtor de seu próprio futuro e de seus conhecimentos.

Para promover os conhecimentos necessários para a conscientização da importância da preservação do meio ambiente serão envolvidos o grupo social de forma significativa, para pesquisa, informações, e conscientização.



7. CRONOGRAMA

ATIVIDADES MAIO JUNHO AGOSTO SETEMBRO

1. Proposta do projeto.

2. Desenvolvimento das ETAPAS propostas.

3. Avaliação do projeto e confecção do relatório







8. AVALIAÇÃO

A avaliação será contínua, sendo que por meio de observações significativas e do registro diário, o professor pode documentar, contextualmente, os processos de aprendizagem das crianças, a qualidade das interações estabelecidas com seus pares, obtendo informações importantes sobre as experiências vivenciadas pelas crianças. Além disso, a finalidade da avaliação das atividades é registrar e identificar os avanços e as possibilidades de superação das dificuldades dos alunos. Nesse caso, a avaliação permite apontar orientações para uma retomada de caminho, de planejamento, enfim, contribui para reflexões significativas sobre as condições de aprendizagem e sobre todo o processo didático-pedagógico.





9. RECURSOS

- Condução para locomover os alunos até o lixão (local onde é depositado o lixo de nossa cidade);

- Máquina Fotográfica e Filmes Fotográficos, REVELAÇÃO;

- Papel sufite;

- 34 cadernos;

- 34 pranchetas;

- 34 lápis;

- Material descartável (sucata);

- TV aparelho de DVD;

- Filmes;

- SOM e CDs;

- Pistola de cola quente e silicone;

- Tambores de plásticos nas corres azul, verde, amarelo, vermelho;

- Tela;

- Liquidificador;

- Colas, tesouras, canetinhas, cola glither, cartolinas, papel gráfico, EVA, pinceis atômicos.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 1, 2 e 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 1999.


"PROJETO VENCEDOR DO 3º PRÊMIO DO
PROGRAMA AGRINHO EM GOIÁS 2009"



4 de nov. de 2009

DISLEXIA

A dislexia não é uma doença, como pensam muitos por ai. Essa palavra vem do grego dys, que significa pobre, e lexia, que quer dizer linguagem. Se nos aprofundarmos um pouco mais, dislexia é um problema neurológico relacionado à linguagem e à leitura; as habilidades de escrita de palavras e de textos, de audição, de fala e de memória também podem sofrer impactos (FRANK, 2003. p.4).
Eu tenho dois filhos disléxicos, e que sofrem com a falta de atendimento especializado, com o preconceito e a falta de informação. Por isso, decidi apronfundar no assunto, já que trata-se de uma pesquisa recente e pouco divulgada.
A nove anos atrás quando meu menino mais velho ingressou na escola não existiam atendimentos especializados e falar sobre dislexia seria inviável. Atualmente, o mais novo começa seus passos escolares e minha luta por um atendimento especializado e seus direitos garantidos.
Bem, trata-se de uma história bem complicada. Primeiro, deve-se fazer um levantamento do histórico da criança desde a gestação. Observações simples como quando gatinhou, falou, andou, podem ser fundamentais para o processo de identificação da dislexia.

Veja alguns sintomas que pode-se observar na primeira infância:


1 - Atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar;


2 - Atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras;


3 - Parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;


4 - Distúrbios do sono;


5 - Enurese noturna;


6 - Suscetibilidade à alergias e à infecções;


7 - Tendência à hiper ou a hipo-atividade motora;


8 - Chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;


9 - Dificuldades para aprender a andar de triciclo;


10 - Dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.

Adivinha... meus meninos se enquadram direitinho nesses sintomas. Agora a partir dos sete anos, segunda infância:

1 - Pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres;



2 - Ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros;


3 - Copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o que escreve;


4 - A fluência em leitura é inadequada para a idade;


5 - Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;


6 - Só faz leitura silenciosa;


7 - Ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o som da palavra;


8 - Sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;


9 - Pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e sílabas;


10 - Esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas;


11 - É mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de exames orais;


12 - Ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo que sabe;


13 - Tem grande imaginação e criatividade;


14 - Desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";


15 - Tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias de prova;


16 - Porque se liga em tudo, não consegue concentrar a atenção em um só estímulo;


17 - Baixa auto-imagem e auto-estima; não gosta de ir para a escola;


18 - Esquiva-se de ler, especialmente em voz alta;


19 - Perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus pertences;


20 - Tem mudanças bruscas de humor;


21 - É  impulsivo e interrompe os demais para falar;


22 - Não consegue falar se outra pessoa estiver falando ao mesmo tempo em que ele fala;


23 - É muito tímido e desligado; sob pressão, pode falar o oposto do que desejaria;


24 - Tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com seus olhos;


25 - Embora alguns sejam atletas, outros mal conseguem chutar, jogar ou apanhar uma bola;


26 - Confunde direita-esquerda, em cima-em baixo; na frente-atrás;


27 - É comum apresentar lateralidade cruzada; muitos são canhestros e outros ambidestros;


28 - Dificuldade para ler as horas, para seqüências como dia, mês e estação do ano;


29 - Dificuldade em aritmética básica e/ou em matemática mais avançada;


30 - Depende do uso dos dedos para contar, de truques e objetos para calcular;


31 - Sabe contar, mas tem dificuldades em contar objetos e lidar com dinheiro;


32 - É capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos ou algébricos;


33 - Embora resolva cálculo algébrico mentalmente, não elabora cálculo aritmético;


34 - Tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes, lugares e faces;


35 - Boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo;


36 - Pode ter pobre memória visual, mas excelente memória e acuidade auditivas;


37 - Pensa através de imagem e sentimento, não com o som de palavras;


38 - É extremamente desordenado, seus cadernos e livros são borrados e amassados;


39 - Não tem atraso e dificuldades suficientes para que seja percebido e ajudado na escola;


40 - Pode estar sempre brincando, tentando ser aceito nem que seja como "palhaço" ;


41 - Frustra-se facilmente com a escola, com a leitura, com a matemática, com a escrita;


42 - Tem pré-disposição à alergias e à doenças infecciosas;


43 - Tolerância muito alta ou muito baixa à dor;


44 - Forte senso de justiça;


45 - Muito sensível e emocional, busca sempre a perfeição que lhe é difícil atingir;


46 - Dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos sapatos;


47 - Manter o equilíbrio e exercícios físicos são extremamente difíceis para muitos disléxicos;


48 - Com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se estivesse distraído;


49 - Sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio do espaço na página;


50 - Cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura.

Bem, sem comentários, o que grifei de vermelho são os sintomas que meus filhos apresentam. Então, percebendo a dimensão da situação, estou correndo atrás de laudos e condições que possibilitem o processo de ensino-aprendizagem deles.

Dessa forma, alguns autores já discutem o assunto, veja:

“Os casos de dislexia fonológica do desenvolvimento mostram que, apesar da boa audição e de boa articulação da fala, pode haver problemas de discriminação e consciência fonêmicas que prejudicam severamente a aquisição de leitura e escrita alfabéticas competentes (Macedo,2006,p.48)".


Nada, fácil de se fazer. Sou educadora da rede municipal em minha cidade, e por cobrar da instituição um atendimento diferenciado, estou sofrendo com a pressão. Não sou de desistir e jamais aconselharia a alguém a fazer isso.
Portanto, decidi intervir pedagogicamente em casa. Nada, muito aconselhável, mas algo que já percebi grandes evoluções.
Meu, pequeno tem seis anos, está na educação infantil, no primeiro semestre questionei sua professora várias vezes, até ouvir: "então, tá... como você também é professora, manda as atividades que quer que eu trabalhe com seu filho".
Um absurdo, espereir fechar o semestre e mudei ele de escola, péssimo negócio. A situação priorou. Vendo que não tinha mais jeito, comecei a promover situações pedagógicas em casa, e estamos evoluindo... Vejam:

  • Iniciei a interferência com nome dele - percebi que não reconheci as letras de seu nome, então pesquisei em livros atividades com o nome e montei algumas em um cadermo para trabalhar com ele. Também fiz o crachá e colei sua foto, fundamental para esse processo. A primeira atividade, colei em alto relevo letras de E.V.A  para formar o nome e sua foto, depois pedi para que ele passasse o dedo por cima de cada letra, que fui falando o nome de cada uma. O passo seguinte foi identifcar essas letras em um alfabeto móvel e colar, em seguinda em uma revista, recortar e colar em baixo, e  em sequência e por fim, copiar.






  • Na atividade seguinte, procurei traçar o movimento de cada letra, escrevi a letra no tamanho grande passei cola colorida e pedi para que ele passasse o dedo por cima, sentindo o movimento da letra, e em seguinda fiz o mesmo processo no chão com fita crepe e pedi para que andasse em cima da letra. Depois, recortamos de revistas a letra trabalhada e figuras cujos nomes iniciam com essa letra. Confira o resultado:






  • Assim, fiz com as demais letras do seu nome, como podemos conferir:








  • A próxima atividade trabalhei a associação das letras do seu nome com as figuras representativas.





  • Em seguida, usando sua foto e a grafia do seu nome, pedi que reproduzisse o traçado do nome.





  • Atividade simples como circular as letras do nome no alfabeto servem de fixação para memorização visual das letras.





  •  A atividade que será promovida a seguir:






Além de trabalhar o nome de cada letra trabalhei o som, usando o método das boquinhas de JARDINI, muito interessante. Confeccionei aventais e para cada letra selecionei objetos cujos nomes iniciam com a letra selecionada. Estou usando a letra da música do Seu Serafim, para memorizar o som e nome de cada letra, veja: "Olhe bem Seu Serafim o nome dessa letrinha é assim...G", ou "Olhe bem Seu Serafim o som dessa letrinha é assim....".
O que pude perceber em duas semanas que ele já memorizou as letras G, U, S, A, O, tem dificuldade no T e V. Mas, já progrediu muito, o que não aprendeu o ano inteiro consegui em duas semanas.
Como ele tem dificuldade na coordenação motora fina, estou traçando no chão zig-zag, ondinhas, vai-e-vem, e outros traços para andar em cima, pois assim, seu cérebro trabalha o processo de identificação psicomotor do traçado e reprozimos em atividades no caderno. Também, deixo ele desenhar a vontade, e brincar de massinha, muito importante.
O que mais me surpreendeu em minhas pesquisas foi constatar que diferente da maioria das crianças os diléxicos possuem o QI na média ou acima da média superior, então, sua dificuldade não tem nada haver com falta de inteligência.
Alcarás (2008, p. 8), coloca que pesquisas realizadas em vários países mostram que de 10% à 15% da população mundial é dislécia. E acrescenta, que ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Portanto, posso afirmar que existem muitos disléxicos por aí sendo rótulados, classificados e discriminados pela falta de adequação curricular e qualificação dos profissionais da educação na área das dificuldades de aprendizagem e inclusão, uma realidade que pode e deve ser mudada. Como educadora de excelência estou plantando minha semente. E você? Vai ficar culpando seus educandos pelo seu fracasso?

REFERÊNCIAS

ALCARÁS, D. J. Práticas facilitadoras no processo do ensino da seunga língua para disléxicos. São Paulo, 2008.

FRANK, Robert. A vida secreta da criança com dislexia. Trad. Tatiana Kassner. São Paulo: MBooks do Brasil Editora Ltda, 2003. ISBN 85-89384-12-8

BADDELEY, A.D.; LOGGIE,R.M “Auditory imagery and working memory.” In:

REISBERG, D. (ed.) Auditory imagery. In: MACEDO, E.C.(Org) Temas em Neuropsicolinguistica. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd,2006, 39-58.

SEVERINO,A.J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo. Cortez, 2002. ISBN 85-249-0050-4.

GUIMARÃES, L.M. Dislexia. http://www.qualidadevida.psc.br/doc/dislexia.pdf) . Acesso em 30 abr 2008.

http://www.datasus.gov.br/cid10/webhelp/cid10.htm. Acesso em 31 maio 2008.

BRUXELAS E BRUXARIAS


Quando uma aula é preparada com amor, não tem como dar errado...
O educador precisa reconhecer a importância do planejamento, e principlmente saber identificar os problemas que cada turma apresenta, para saber como proceder.


Trabalhar com o concreto facilita o processo de construção da leitura e da escrita.


Fica mais fácil ainda se usarmos da criatividade...
O Ensino Público já é taxado, salas cheias, mas se o educador for de excelência tudo fica mais fácil!


Cada um usa e abusa das ferramentas que tem.
Essas são as minhas... E quais são as suas?

30 de out. de 2009

A IMPORTÂNCIA DO TEATRO NA ESCOLA

Conforme, as pesquisas realizadas nas atividades propostas por neste módulo, contata-se que a arte faz parte do cotidiano do homem desde o início dos temos, como podemos verificar nos PCN’s:



“Desde o início da história da humanidade, a arte tem se mostrado uma práxis presente em todas as manifestações culturais. A aprendizagem e o ensino da arte sempre existiram e se transformaram, ao longo da história, de acordo com as normas e valores estabelecidos, em diferentes ambientes culturais. Não faz parte das intenções deste documento ter a pretensão de discorrer sobre todas as transformações ocorridas. Entretanto, aconselha-se ao leitor um aprofundamento em relação à história do ensino de arte.

No século XX, a área de Arte acompanha e se fundamenta nas transformações educacionais, artísticas, estéticas e culturais. As pesquisas desenvolvidas a partir do início do século em vários campos das ciências humanas trouxeram dados importantes sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente, sobre o processo criador, sobre a arte de outras culturas. Na confluência da antropologia, da Filosofia, da Psicologia, da Psicanálise, da crítica de arte, da Psicopedagogia e das tendências estéticas da modernidade, surgiram autores que formularam os princípios inovadores para o ensino de linguagens artísticas. Tais princípios reconheciam a arte da criança como manifestação espontânea e auto-expressiva: valorizavam a livre expressão e sensibilização para a experimentação artística como orientações que visavam ao desenvolvimento do potencial criador, ou seja, eram propostas centradas na questão do desenvolvimento do aluno.

É importante salientar que tais orientações trouxeram uma contribuição inegável para a valorização da produção criadora da criança e do jovem, o que não ocorria na escola tradicional. Mas o princípio revolucionário que advoga a todos, independentemente de talentos especiais, a necessidade e a capacidade da expressão artística, foi aos poucos sendo enquadrado em palavras de ordem, como “o que importa é o processo criador da criança e não o produto que realiza” e “aprender a fazer, fazendo”. Esses e muitos outros lemas foram aplicados mecanicamente nas escolas, gerando deformações e simplificações na idéia original, o que redundou na banalização do “deixar fazer”, ou seja, deixar o aluno fazer arte, sem nenhum tipo de intervenção.

Ao professor, destinava-se um papel cada vez maior relevante e passivo. A ele não cabia ensinar nada e arte adulta deveria ser mantida fora dos muros da escola, pelo perigo da influência que poderia macular a “genuína e espontânea expressão infantil”.

O princípio da livre expressão enraizou-se e espalhou-se pelas escolas. O conceito da criatividade tornou-se presença obrigatória nos planejamentos de Teatro, Artes Plásticas e Educação Musical.

O objetivo fundamental era facilitar o desenvolvimento criador. No entanto, o que se desencadeou como resultado da aplicação indiscriminada de idéias vagas e imprecisas sobre a função da educação artística foi uma descaracterização progressista da área. Tal estrutura conceitual foi perdendo o sentido, principalmente para os alunos. Além disso, muito dos objetivos arrolados nos planejamentos dos professores de arte poderiam também compor outras disciplinas do currículo, como desenvolver a criatividade, a sensibilidade, o autocontrole, etc.

Na entrada da década de 60, houve uma reorientação de pensamento sobre o ensino das artes em centros norte-americanos e europeus, questionando basicamente a idéia do desenvolvimento espontâneo na expressão artística, procurando definir a contribuição específica da arte para a educação do ser humano.

A reflexão que inaugurou uma nova tendência, cujo objetivo era precisar o fenômeno artístico cujo conteúdo curricular, articulou-se em um duplo movimento: por um lado à reorientação da livre expressão; por outro, a investigação da natureza da arte como forma de conhecimento.

Como em todos os momentos históricos, os anos 60 trouxeram práticas em educação, psicologia e arte estreitamente vinculados às tendências do pensamento da época, que progressivamente contribuíram para uma transformação das práticas Educativas de arte no mundo, questionando a aprendizagem artística como conseqüência natural apenas do processo de desenvolvimento do aluno.

No início da década de 70, autores responsáveis pela mudança de rumo de ensino de arte nos Estados Unidos afirmavam que o desenvolvimento artístico é resultado de formas complexas de aprendizagem por meio de instrução. Segundo esses autores, as habilidades artísticas se desenvolvem pelas questões que se apresentam ao aluno no decorrer de suas experiências de buscar meios para transformar idéias, sentimentos e imagens em um objeto material. Tal experiência pode ser orientada pelo professor e nisso consiste sua contribuição para a educação no campo da arte.

Atualmente, muitos professores se preocupam em responder as perguntas básicas que fundamentam sua atividade pedagógica. “Que tipo de conhecimento caracteriza a arte-educação”? “Qual a função da arte do teatro na sociedade”? “Como as contribuições da arte podem ser significativas e vivas dentro da escola”? e “Como se aprende a criar, experimentar e entender a arte e qual a função do professor nesse processo”?.

As tendências que se manifestaram no ensino de arte a partir dessas perguntas geraram a necessidade de estabelecimento de um quadro de referências conceituais solidamente fundamentado dentro do currículo escolar, focalizando a especificidade da área e definindo seus contornos com base nas características inerentes ao fenômeno artístico” (BRASIL, PCN’s, 1998, p.19-22) .





Para que se compreenda o ensino de Arte hoje, é necessário que se conheça como se deu o seu início e com que postura e com que objetivos ele tem sido trabalhado na escola até os dias de hoje.

De acordo com Brito (2004) é possível distinguir várias fases no ensino de Arte, tais como:

“[...] enfoque na cópia de modelos, valorizando a perfeição do produto final; enfoque na auto-expressão e no espontaneísmo, abolindo totalmente a visão anterior; enfoque na técnica e no uso de materiais diversos; junção de enfoques e metodologias anteriores; e, a mais atual, que reúne no ensino de Arte, a análise e crítica de obras de Arte, a história da Arte e a produção de trabalhos artísticos, não deixando de lado a estética do cotidiano”.



Importa salientar que, num primeiro momento, o ensino de Arte tinha como pressuposto enfocar conteúdos sobre noções de forma, cor, proporção, luz e sombra, entre outros; pouco, ou quase nada, se incentivava a criatividade do aluno, o trabalho se baseava na cópia. Sob a influência da pedagogia tradicional, no ensino de Arte valorizava-se a estética mimética, com o emprego de cópia de modelos, da educação da visão e da coordenação motora, em exercícios desvinculados do processo histórico cultural.

O legado dessa perspectiva tradicional do ensino de Arte ainda é marcante em algumas escolas brasileiras, tendo em vista que essa concepção influenciou fortemente por muito tempo a formação dos professores e orientou a proposta pedagógica da educação básica, uma vez que predomina no processo educativo a idéia de que o aluno aprendia através da transmissão mecânica de conhecimentos.

No auge da Escola Nova, o ensino de Arte se renova no sentido de que o aluno agora precisa aprender por meio da experiência, colocando-se em ênfase à livre expressão do aluno. Entretanto, esse ensino também é alvo de críticas, pois o ensino se caracterizava por um laissez-faire, onde o aluno criava o que queria, sem ter um compromisso com o produto final desta produção; o importante era a auto-expressão, o processo de trabalho, o produzir trabalhos sem regras.

“Alguns acontecimentos e movimentos artísticos e culturais contribuíram para o desenvolvimento do ensino de Arte no Brasil no século XX, seja na educação formal ou na informal (museus, centros culturais, etc.). Com a ruptura dos conceitos tradicionais da arte, os ideais modernistas do início do século XX permitiram uma maior liberdade de expressão de sentimentos e idéias dos artistas. Como reflexo, na educação escolar em arte pôde-se perceber o mesmo movimento, com o abandono de um ensino voltado para a cópia e o desenvolvimento de uma postura de maior aceitação e valorização da criação, da experimentação do aluno em seus trabalhos artísticos e a conseqüente contestação do ensino de arte que não permitisse a expressão autêntica, espontânea e desinteressada da criança” (Barbosa apud Valente, 1993, p. 60).



É sob a influência da Escola Nova que surge no Brasil a “Escolinha de Arte do Brasil”, em 1948, fundada por Augusto Rodrigues e tinha como pressuposto pedagógico enfocar o aluno no atelier, privilegiando o trabalho livre e o professor através do Curso Intensivo de Arte na Educação, que visava formar educadores com um enfoque nas potencialidades “emotivas e expressivas das linguagens artísticas, fazendo-o pensar e repensar em Arte e educação, no contexto cultural” (Varela, apud Valente, 1993, p.20). Nesta época, não havia cursos de Arte nas universidades, apenas cursos de preparação de professores de desenho geométrico.

Com o lema de estimular a criatividade por meio do trabalho livre do aluno, o ensino de Arte caiu num modismo pedagógico frustrante. O ensino dos conteúdos de Artes decaiu em desuso, fazendo surgir à idéia de que a disciplina Artes era menos “importante” no programa curricular. Entre os professores parecia reinar a idéia de que Arte não precisa ser ensinada; que devemos valorizar apenas a expressão do aluno.

Concomitante a influência do escolanovismo, difunde-se no Brasil o movimento de “Educação pela Arte”, influenciado pelas idéias do filósofo inglês Herbert Read, cuja proposta buscava a formação global do ser humano, e tinha a Arte como o processo da educação, e não apenas como uma de suas metas.

Entretanto, a influência de Read na educação escolar será limitada. Predomina na Escolinha de Arte a visão do ensino de Arte como terapia, como liberdade de expressão, como produção de trabalhos e como desenvolvimento da criatividade. Mas não há uma preocupação nítida com o aprendizado de conhecimentos das linguagens artísticas. A aula de artes era concebida apenas como requisito de auto-expressão do aluno, sendo que produção feita por um aluno era considerada de qualidade, porque era uma forma de expressão dele, e o professor não deveria interferir.

Em torno das décadas de 1960/70 surge o movimento da pedagogia tecnicista, preocupada com a formação da mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho, deixando em segundo lugar a formação humanista. Nesse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 5.692/71, implanta a Educação Artística na escola de 1º e 2º graus.

Quanto à obrigatoriedade da Educação Artística, Fusari & Ferraz, (1993) identificam a preocupação com a “expressividade individual, com técnicas, mostrando-se, por outro lado, insuficiente no aprofundamento do conhecimento da arte, de sua história e das linguagens artísticas propriamente ditas” (p. 39). De fato, sob o rol do tecnicismo o ensino de Arte tinha como fundamento a aprendizagem de técnicas em aulas de artesanato, artes manuais, oficina de madeira, entre outras, desvinculadas da realidade social.

Em meio a esse contexto, ganham expressividade as idéias da Pedagogia Libertadora, que tem como fundamento o trabalho de Paulo Freire, cuja proposta é a uma educação problematizadora que forme o cidadão crítico. O alicerce dessa proposta encontra-se na valorização do saber popular, e sua manifestação no ensino da Arte ocorre mediante a valorização da cultural e da produção artística da comunidade.

No início dos anos 80 desponta a tendência histórico-crítico, que fomenta uma crítica contra a escola enquanto instituição reprodutora de desigualdades. A repercussão dessa tendência é a proposta de uma pedagogia centrada no desenvolvimento de atividades que permitam o conhecimento acumulado ao longo do processo histórico-social pela humanidade.

Desprende-se desse movimento a preocupação com um ensino de Arte mais contextualizado para o aluno. Barbosa (1999, p. 99) comenta que o aspecto dessa tendência é a questão de que não se considera mais o estudo da arte independentemente da escolarização. “Ao contrário, a arte é considerada como disciplina básica do currículo”. Tomando como referência Ernest Boyer, acrescenta o autor que:

“As artes são um aparte essencial da experiência humana. Não são uma frivolidade. Recomendamos que todos os estudantes estudem as artes para descobrir como os seres humanos usam símbolos não verbais e se comunicam não apenas com palavras mas através da música, dança e das artes visuais” (Barbosa 1999, p. 99).



Em suma, diante das tendências pedagógicas da corrente progressistas de contextualização e de interdisciplinaridade fundamentadas na pedagogia renovada (Libâneo, 1986), torna-se indispensável reconhecer como o ensino da arte propicia ao aluno elementos de reflexão e compreensão da realidade, de comunicação, de pesquisa e experimentação prática na construção de conhecimentos, de formação de atitudes, valores e comportamento bem como serve para o enriquecimento da formação cultural do aluno.

Na verdade, pelas diretrizes da pedagogia renovada o que o professor tem a fazer é colocar o aluno em condições propícias, para que, partindo das suas necessidades e estimulando os seus interesses, possa buscar por si mesmo, conhecimentos e experiências. A idéia é a de que o aluno aprende melhor o que faz por si próprio. Para tanto, a tendência progressista libertadora, alicerçada principalmente nas idéias de Paulo Freire, seria um excelente caminho a se tomar para que o ensino da arte ganhe novas concepções na escola pública, tendo em vista, sobretudo o diálogo como elemento chave no ato de conhecer e o aprendizado como ato de conhecimento da realidade concreto, isto é, da situação real vivida pelo educando.

A promulgação da Constituição em 1988 tornou necessária a elaboração de nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional. A nova LDB - Lei 9.394/96, também denominada Lei Darcy Ribeiro, manteve a obrigatoriedade da Arte na educação básica:

“O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (artigo 26, § 2°).



A questão da obrigatoriedade do ensino da Arte deveria fundamentar a valorização das aulas de artes na formação integral do educando. Dentro da escola, segundo os Anais da UNICSUL (1995), a desvalorização da Arte é expressa como “certo preconceito contra Educação Artística e o professor da área”, o que acarreta marginalização desse professor e condena a Arte a papel de mero apêndice pedagógico.

Um dos motivos que explica esse quadro é a formação do professor de Arte. Ora, até a década de 70 não haviam cursos de formação de professores de Arte nas universidades brasileiras. Somente, em 1973, com a obrigatoriedade imposta pela LDB n° 5692/71 é que o governo sente a necessidade de criar um curso de graduação em Educação Artística, cuja modalidade em Licenciatura Curta, com duração de apenas dois anos, permitiu aos graduados lecionar no 1°Grau, atualmente denominado Ensino Fundamental.

Almeida (1992), ao pesquisar as instituições de ensino superior em Educação Artística, aponta como um dos fatores responsáveis por esta deficiência, falando especificamente na formação inicial, a falta de clareza por parte dessas instituições sobre a concepção de Educação Artística.

Com os problemas derivados da formação do professor, por conseqüência, predomina nas escolas uma concepção deturpada do ensino da Arte. Diante da necessidade de melhorar a qualidade do ensino de Arte, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são implantados na década de 1990 com o propósito de orientar novas diretrizes para o processo pedagógico da educação básica e, por conseqüência, repercute em inovações na concepção e função do ensino da Arte na escola. Nesse sentido, Reis (2001) salienta que:

“Em vigor desde 1996, os Parâmetros Curriculares Nacionais da área Arte tiveram a virtude de trazer para o primeiro plano do cenário educacional uma antiga reivindicação que clamava pela presença regular da arte no currículo escolar. Desde então, com maior ou menor intensidade, mais ou menos aplicação e vontade, mais ou menos disponibilidade e condições efetivas de colocar em prática a educação estética no cotidiano da criança e do jovem, as escolas vêm se adaptando à nova orientação”.



O fundamento básico dos PCN é um ensino de Arte orientado em três eixos: produzir, apreciar e contextualizar. Na visão proposta nestes referenciais, aprender arte é um processo que:

“[...] envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais...Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo”. (MEC/SEF, 1998 p.44)



Em todos os ciclos da educação fundamental, os PCN dão à área de Arte uma grande abrangência, propondo quatro modalidades artísticas: Artes Visuais; Música; Teatro; Dança. O caráter abrangente coloca em questão a prática pedagógica na escola, uma vez que os PCN não apresentam explicitam claramente a forma de encaminhar concretamente o trabalho com as diversas linguagens artísticas. Por conseqüência, os professores se indagam constantemente sobre a forma de como realizar, na sala de aula, a proposta dos PCN para Arte, com suas quatro modalidades artísticas?

Não se pode deixar de enfatizar que o PCN sinaliza uma redefinição do ensino da Arte, mas é preciso que suas diretrizes sejam implantadas de forma efetiva no contexto imediato da prática escolar. Dessa forma, a renovação da prática pedagógica no tocante ao ensino da Arte precisa se pautar num esforço coletivo dos professores compreender a função que essa disciplina apresenta no desenvolvimento do educando. Para tanto, faz-se necessário que os mecanismos de formação dos professores propiciem a sensibilização quanto à importância do trabalho de Arte como possibilidade para que todos os educandos possam estudar as artes para descobrir como os seres humanos usam símbolos não verbais e se comunicam não apenas com palavras mas através da música, dança e das artes visuais.

Nas palavras de Barbosa (1999, p. 99):

“[...] não basta dizer que a arte deve ser estudada como assunto específico no currículo escolar sem mencionar mais especificamente o que significa buscar a excelência desse ensino. A meta geral do ensino da arte é o desenvolvimento da disposição de apreciar obras de arte, onde a excelência da arte implica dois fatores: a extrema capacidade que têm os trabalhos de arte de intensificar e ampliar o âmbito do conhecimento e experiência humanos e as qualidades peculiares de trabalhos artísticos dos quais resulta tal capacidade. Ou, de forma mais resumida, a meta desse ensino é desenvolver nos jovens a disposição de apreciar a excelência nas artes em função da experiência maior que a arte é capaz de proporcionar”.



O fator primordial que precisa ser revisto na escola é a própria concepção que os professores apresentam quanto ao ensino de Arte. Faz-se necessário que a disciplina Arte apresenta um status tão importante quanto os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, isto porque, o ensino da Arte é importante para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento do aluno como um todo, pois prioriza os aspectos afetivo e estético, importantes para a formação do ser humano que pensa, age, sente e se relaciona, contribuindo para transformações sociais e culturais.

Tendo em vista essa perspectiva, Lowenfeld & Brittain (1977) destacam a importância de desenvolver a consciência estética no ensino da Arte, o que implica:

“...educar a sensibilidade de uma pessoa para experiências perceptivas, intelectuais e emocionais, de modo que estas fiquem profundamente arraigadas, bem integradas, num todo harmoniosamente organizado” (p. 370).



O ensino da Arte precisa, com efeito, enfocar o conhecimento da Arte produzida pela humanidade bem como criar possibilidades para os alunos construírem suas produções artísticas, consolidando uma formação artística, estética e cultural significativa para os alunos. O papel educativo desempenhado pelas atividades artísticas implica, portanto, em pensar uma prática psicopedagógica criadora, interdisciplinar e espontânea. O ensino da arte não deve servir apenas para transmitir conteúdos, ao contrário, ele é em si uma atividade gratuita e desafiante que leva a criança à participação ativa e à tomada de decisões.

Acredita-se que através da arte é possível intervir no processo de desenvolvimento infantil. Quando a criança participa de atividades artísticas ela experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades, além disso, a arte também representa a possibilidade de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção.

Ao brincar através da arte a criança constrói-se como ser único e criativo e por este motivo torna-se indispensável que educadores reconsiderem o papel fundamental das atividades artísticas como fontes estimuladoras de desenvolvimento cognitivo e de atitudes morais, além de oportunizar espaços para a criatividade, a expressão e a integração social.

As atividades artísticas também contribuem para apurar a percepção do mundo exterior. A dança, o desenho, o teatro possibilitam que a criança estabeleça vínculos sociais com seus semelhantes, permitindo a descoberta de sua personalidade, e levando-a a aprender a viver em sociedade e se preparar para as funções que assumirá na idade adulta.

“As atividades artísticas fazem parte do grupo maior de atividades lúdicas, e como tais encontram as crianças na arte, como no jogo espontâneo, todos os elementos necessários ao seu crescer psíquico. Brincando de experimentar as mais variadas situações de vida antes de enfrentá-las na realidade, também na dramatização, sua imaginação vai explorar, através de personagens familiares ou não; na dança e música, em que as melodias e ritmos podem acompanhar e traduzir todas as nuances de uma alegria ou infelicidade nunca vividos ainda; nos grandes borrões de tinta vermelha ou na pálida camada do céu azul, saberá a criança dar curso à vida afetiva de tão grande significação na formação do indivíduo” (MEC/INEP, 1980 p. 20).



Deste modo, a arte é para a criança uma atividade desafiante, motivante, eficaz à participação ativa, à tomada de decisões e, sobretudo, é um procedimento educativo indispensável para o seu processo de formação.

O importante é ressaltar a importância do valor psicopedagógico da arte na valorização da criatividade, da espontaneidade, do desenvolvimento cognitivo, da formação da personalidade, que são forças ativas no universo infantil, que muitas vezes são bloqueadas pelo ambiente escolar, familiar ou social. Para tanto, é preciso reintegrar as possíveis contribuições do ensino da arte no âmbito psicopedagógico a fim de promover a aquisição do conhecimento e das habilidades requeridas no processo de ensino-aprendizagem de uma forma mais prazerosa e significativa para a criança.

As atividades artísticas têm, com efeito, um objetivo-significado concreto na formação da criança e que, simultaneamente, asseguram a aquisição de novos conhecimentos e a vivência de experiências significativas para o desenvolvimento de suas habilidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais. Por isso, o objetivo primordial do ensino da arte é atender as necessidades psicossociais da criança, criar condições adequadas para o seu desenvolvimento global – estimular a criatividade, a autonomia, a cooperação e a criticidade – considerando, para isto, o ritmo de cada um e suas experiências de vida.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional renova a proposta pedagógica quanto à formação infantil, salientando a importância de oferecer as crianças um desenvolvimento integral. Essa questão fica expressa no art. 29 da Lei nº 9.394/96, que versa:

“A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, pedagógico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.



No campo educacional a arte apresenta grande importância pela sua contribuição no processo de formação da criança. O educador através das atividades artísticas pode despertar o interesse para uma aprendizagem; fixar uma noção já vista em sala de aula e vivenciar o conteúdo programático de forma lúdica.

Nesse sentido, o professor tem por objetivo desenvolver a compreensão do ensino da arte para ajudar às crianças em um meio lúdico-educativo que favoreça as experiências corporais múltiplas e variadas, as vivências simbólicas e a comunicação e assegure o direito ao espaço lúdico da infância. O trabalho com a arte no universo infantil viabiliza experiências para que a criança consiga ser ela mesma, manifestar sua afetividade e agressividade e, conseqüentemente, expressar seus sentimentos, adquirindo personalidade coesa e segura. Tudo isso configura, com efeito, a necessidade de (re)valorizar as atividades artísticas no desenvolvimento das crianças tanto dentro como fora da escola.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001) para a área de Educação Infantil enfatizam que a qualidade das experiências educativas oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania devem estar embasadas nos seguintes princípios educativos:

 “o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.;

 o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;

 o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, aos afetos, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;

 a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;

 o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade” (MEC, 2001: 30).



Não se pode deixar de destacar que através das atividades artísticas a criança pode também se tornar agente do seu próprio conhecimento e tomar atitude ativa frente aos desafios. O desenho, a música, a dança, o teatro são atividades que fazem com que a criança procure participar, construir conceitos e significados bem como gera espontaneamente uma integração social muito importante a formação de sua personalidade.

É imprescindível garantir as crianças à oportunidade de aprender a brincar, a jogar, criando e recriando dentro do universo lúdico, possibilidades de integração social, construindo conhecimentos, competências e habilidades necessárias a formação de sua identidade pessoal a partir dos valores que lhe garantirá o exercício pleno da cidade: dignidade, respeito mútuo, solidariedade, ética, cidadania, democracia, co-responsabilidade, entre outros.

“Há necessidade do ensino sistemático e intencional destes saberes – eles, porém, no período da educação infantil, deverão ser viabilizados ao ritmo do psiquismo infantil, com a alegria da descoberta, da surpresa, do espanto, do encanto, do belo, do novo, do prático; do tateio, do cooperativo, do original no coletivo, do lúdico, do plástico, do harmonioso/desamornioso, do surpreendente mundo autenticamente humano” (Redin, 1998:50).



Deste modo, faz-se necessário uma proposta de valorização da arte no âmbito familiar, escolar e social em que vive a criança de modo a viabilizar a construção de experiências propícias à promoção de atividades essencialmente lúdicas, incluindo-as em situações vivenciadas em aula a fim de permitir a criança uma interação maior com o mundo social e cultural bem como desenvolver a atenção e sua linguagem corporal por uma dimensão afetiva significativa para ela.

Nessa perspectiva, registra-se a relevância das atividades artísticas na vida da criança, porque elas reproduzem diversas situações sociais através do movimento, das trocas interpessoais, da descoberta do “eu” e do outro, da imitação e invenção no trabalho coletivo etc., as quais auxiliam significativamente na elaboração e construção de conhecimentos sistematizados.

Importa visualizar a arte como uma prática social, atividade simbólica, forma de interação e criação, que possibilita à criança desenvolver sua coordenação percepto-motora e vida afetiva; dominar as habilidades de comunicação; socializar-se e construir sua identidade pessoal. A dimensão lúdica precisa, conseqüentemente, ser revigorada no cotidiano da criança, levando-a a construir, descobrir, brincar, perceber e atuar nas situações prazerosas e psicopedagógicas proporcionadas pela prática educativa com atividades artísticas.

“Acreditamos que o conhecimento é construído pela criança num complexo indissociável de interação com o meio físico e social, promovido pela ação. Sujeito de seu processo, ela constrói por si própria valores e regras. Dessa forma, respeitamos o seu desenvolvimento, o seu processo de construção do conhecimento. No dia-a-dia, para que se dêem as interações da criança com o mundo físico e social, é necessário que se oportunizem situações para a tomada de decisões, escolhas e intercâmbio dos pontos de vista, promovendo a manifestação da autonomia, da cooperação, tão importantes na formação do cidadão” (Rodrigues e Amodeo, 1995:9).



Como a arte pode viabilizar uma forma de percepção e atuação no mundo, é imprescindível delimitar o trabalho do desenho, da dança, da pintura, do teatro a partir da organização de atividades significativas e prazerosas, criativas, críticas e inovadoras, possibilitando a criança ter uma participação ativa na exploração de suas próprias capacidades e contribuindo para a construção de valores sociais e morais – lealdade, espírito de grupo, liderança, respeito, colaboração e autonomia – que ajudam na descoberta do “eu” e do outro por meio da integração social no meio em que vive.

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que o ensino da arte deve favorecer o desenvolvimento integral de todas as crianças, proporcionando-lhes condições para aprender a viver e a ser. Ou seja, o pressuposto de partida para trabalhar a dimensão lúdica no universo infantil apóia-se na diretriz psicopedagógica que tem a atividade artística como instrumento necessário ao desenvolvimento afetivo, social e cognitivo das crianças, procurando utilizá-lo no cotidiano familiar e escolar com o objetivo de organizar espaços privilegiados para a expressão por meio da dança, da música, do teatro, do desenho, da pintura.

Ao despertar a curiosidade, exercitar a inteligência e a capacidade motora da criança, a atividade lúdica está desempenhando uma função educativa sobre as aptidões biológicas, psicológicas e sociais características na infância e pré-adolescência. Assim, para que as atividades artísticas influam positiva e prazerosamente no desenvolvimento infantil é preciso que a sua dimensão lúdica ganhe relevância diante das múltiplas necessidades da criança.

“A criança que brinca está desenvolvendo-se e, nesse processo de construção e reconstrução, as especificidades e singularidades de cada um estão presentes. É brincando que releva seus medos, alegrias, angústias, conflitos, busca entender-se e ao mesmo tempo entender a realidade social e cultural. Expressa no brincar aquilo que tem dificuldades de colocar em palavras. Na ação do brincar a criança investe toda a sua história pessoal de vida até então construída, quando brinca de bonecas, mame e papai, médico, professora, faz bolos e castelos de areia. Cria brinquedos e momentos para brincar com coisas simples do seu dia-a-dia: pedrinhas, vassoura, panos, roupas, restos de madeira... Assim, o brincar não significa simplesmente divertir-se, isso porque é a maneira mais completa com que a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, produzindo conhecimento” (Heinkel, 2000:66-67).



Evidentemente, aquilo que se diz sobre a essência do brincar é válido para a atividade artística e sua influência no desenvolvimento de todas as outras capacidades infantis: físico-motora, mental, emocional, cognitiva e social. O caráter lúdico do ensino da arte não significa apenas recreação, dele depende a qualidade do desenvolvimento biopsicossocial e pedagógico da criança.

Nesse sentido, o ensino da arte tem seu valor como atividade intelectual, moral, afetiva e social. Através da arte a criança pode desenvolver o corpo e sua coordenação percepto-motora; formar sua capacidade de apreensão e compreensão do mundo, do ambiente, dos fatos e das pessoas; aprender inúmeras qualidades morais necessárias ao desenvolvimento afetivo e social: sentimentos e atitudes de solidariedade, cooperação, amizade, aceitação, respeito, liderança e participação.

Enfim, a atividade artística abrange diferentes áreas – psicofísica, sócio-emocional, psicossocial, psicomotora, psicopedagógica etc. – de tal modo que viabiliza o desenvolvimento infantil pleno. Em termos simplificados, o ensino da arte representa uma dimensão humana indispensável à formação infantil justamente porque inclui a possibilidade da criança vivenciar situações prazerosas e ao mesmo tempo potencializadoras de habilidades morais e cognitivas indispensáveis à formação de cidadãos críticos, responsáveis e capacitados para participar da vida social.

A valorização do ensino da Arte no âmbito escolar, promove na criança esse processo de aprendizagem que faz com que através de brincadeiras a criança desenvolva o entrosamento com a turma, oferecendo-lhe subsídios para vencer dificuldades que apresentam, reforçando a auto-estima, respeitando a individualidade e as limitações.

É fundamental tomar consciência de que a atividade artística fornece informações elementares a respeito da criança: suas emoções, a forma como interagem com seus colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível lingüístico, sua formação moral. A aprendizagem da criança só terá bom desempenho, entretanto, se estiver acompanhada de uma proposta educativa coerente.

Portanto, faz parte do ser humano à necessidade de contar histórias, narrar fatos e acontecimentos, daí a importância do teatro. O teatro, dessa forma sempre se constitui como meio de compreender a realidade de que vivemos e de transcender seus limites. É um jogo de construção que promove o desenvolvimento da criatividade, abre possibilidades de compartilhar descobertas, idéias, sentimentos e atitudes. Não se pode perder de vista que a prática teatral está ligada às tradições da época e da cultura da qual foi criada.