26 de ago. de 2010

O TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO: tragetória e reflexões

NASCIMENTO, A. Teatro Experimental do Negro: tragetória e reflexões. Estudos Avançados, 2004.

Resenhado por: Vanderli Cassia Spredemann

O texto reflete que o intuito do aparececimento do Os Comediantes e de Nelson rodrigues nada mais é do que a necessidade de refletir sobre os valores sociais da condição do negro na imposição do branco no contexto histórico da colonização.
Descreve que em 1944 no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro tem por fundamentos colocar em discussão a rejeição do negro como personagem e intérprete, e de sua vida própria, diante da perspectiva sociocultural e religioso dentro da nossa literatura dramática.
Coloca que o contexto propunha resgatar e renovar os valores da pessoa humana e da cultura negro-africana, na totalidade da discussão. Refletindo assim, sobre a condição dos degradados e negados por uma sociedade dominante da colonização, que marcaram raça negra como se fossem inferiores aos dominadores brancos, desconsiderando toda sua capacidade humana e intelectual.
Dessa forma, revela que o TEN tinha como proposta promover a valorização social do negro em nosso País, por meio da Cultura em suas perspectivas artísticas e pela educação.
Apresenta que em seu enredo a menção pública do vocábulo “negro” provocava sussurros de indignação. O que permite verificar sobre a atitude de esconder a verdadeira face do racismo e preconceitos, que vão além da descriminação contra o negro.
Dessa forma, continua que valorizar e divulgar em termos de cultura afro-brasileira, batizado de “reminiscências”, eram o mero folclore e os rituais do candomblé, servidos como alimento exótico pela indústria turística (no mesmo sentido podemos inscrever hoje a exploração do samba, criação afro-brasileira, pela classe dominante branca, levada nos últimos anos ao exagero do espetáculo carnavalesco luxuoso e, pela carestia, cada vez mais longe do alcance do povo que o criou).
O texto resume que na sua “Declaração Final” o anseio e as aspirações coletivas do grupo negro, a convenção encaminhou à Constituinte de 1946 (através do Senador Hamilton Nogueira) sua proposta de inserir a discriminação racial como crime de lesa-pátria, com uma série de medidas práticas em prol de sua eliminação”. O autor declara de certa forma que somos humanos! E convida dessa forma, a uma reflexão do TEN como objeto de transformação social.

REFLETINDO...


A arte é um rio cujas águas profundas irrigam a humanidade
com um saber que não o estritamente intelectual, e que diz respeito
à interioridade de cada ser.
A vida humana se confunde, com suas origens, com as manifestações
artísticas: os primeiros registros que temos da vida
inteligente sobre a terra são, justamente, as manifestações
artísticas do homem primitivo. É esse imbrincamento que acaba
por definir a essência do
ser humano.

Evely Berg

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ARTE NA EDUCAÇÃO MODERNA


 
Na perspectiva educacional, é de conhecimento de todos que um profissional compromissado com a tarefa de educar precisa desenvolver competências não só para dar conta da construção do conhecimento como também para refletir e intervir na realidade em que atua de forma crítica e autônoma. A perspectiva técnica e racional precisa ceder espaço para uma formação mais complexa, que priorize o estudo de situações práticas e o desenvolvimento de conhecimentos ou estratégias favoráveis à mudança da instituição educativa bem como do surgimento de um novo conceito de profissionalização do professor. Isso significa pensar a escola como uma organização mais autônoma e reconhecer o professor como um profissional competente para tomar decisões e intervir na prática educativa, especialmente no processo de emancipação de pessoas.

Processo vital de desenvolvimento e formação da personalidade, a educação não se confunde coma mera adaptação do indivíduo ao meio. É atividade criadora e abrange o homem em todos, os seus aspectos. Começa na família, continua na escola e se prolonga por toda a existência humana.
Educação é o processo pelo qual uma pessoa ou grupos de pessoas adquirem conhecimentos gerais, científicos, artísticos, técnicos ou especializados, com o objetivo de desenvolver sua capacidade ou aptidões. Além de conhecimentos, a pessoa adquire também, pela educação, certos hábitos e atitudes. Pode ser recebida em estabelecimentos de ensino especialmente organizados para esse fim, como as escolas elementares, colégios, conservatórios musicais, universidades, ou através da experiência cotidiana, por intermédio dos contatos pessoais, leitura de jornais, revistas, livros, apreciação de pinturas, esculturas, filmes, peças musicais e de teatro, viagens e conferências.
O objetivo primordial da educação é dotar o homem de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais exigidas pela dinâmica da sociedade. A educação aumenta o poder do homem sobre a natureza e ao mesmo tempo, busca conforma-lo aos objetivos de progresso e equilíbrio social da coletividade a que pertence.
Para o brasileiro Paulo Freire o objetivo da educação deveria ser a liberação do oprimido, que lhe daria meios de transformar a realidade social em sua volta mediante a “conscientização” (conhecimento crítico do mundo). Seu trabalho, pode ser visto não apenas como um método de alfabetização, mas como um processo de conscientização, por levar em conta a natureza política da educação assim, como no Teatro do Oprimido de Boal.
Desde o início da história da humanidade, a arte tem se mostrado uma práxis presente em todas as manifestações culturais. A aprendizagem e o ensino da arte sempre existiram e se transformaram, ao longo da história, de acordo com as normas e valores estabelecidos, em diferentes ambientes culturais. Não faz parte das intenções deste documento ter a pretensão de discorrer sobre todas as transformações ocorridas. Entretanto, aconselha-se ao leitor um aprofundamento em relação à história do ensino de arte.
É momento de se ultrapassar as dicotomias instaladas e se priorizar figura do professor, do aluno e institucionalizar a elaboração curricular e a fecundação da aula como instrumentos de pesquisas, estímulos à construção do conhecimento científico. Não deve o professor servir apenas para mostrar teorias por ele mecanizadas ao longo de sua formação universitária e não deve o aluno se calar e ser passional na instrução mercenária. Tanto um como outro devem ter consistência aberta e flexiva para a produção científica, para mudança e possíveis interferências na construção de um conhecimento que, sobretudo, expresse a (re)elaboração da ciência.

VESTÍGIOS DE TEATRO EM FORMOSA/GO


VIA-SACRA: Teatro Religioso

Vanderli Cassia Spredemann[1]

RESUMO
O presente artigo tem por finalidade realizar uma pesquisa sobre os vestígios de grupos teatrais em Formosa/GO. Tem por objeto de estudo escolhido a Via-Sacra da Paróquia São Sebastião. Revela em seu contexto os fundamentos religiosos bíblica em virtude da formação social da identidade cultural cidadãos Formosenses.
Palavras-Chaves: Teatro, religião, fundamentos, pesquisa, Via-sacra.

Contextualizando o Local da Pesquisa
O objeto da pesquisa foi a Via-Sacra que da Paróquia de São Sebastião com participação das demais Paróquias em Formosa-GO, promovida nas Sexta-feiras Santa em Formosa-GO, hoje ela não é mais representada no morro e isso quebrou um pouco da tradição religiosa que havia, era uma motivação para a peregrinação e fortalecimento da fé, pretende-se resgatar fatos e experiências interessantes desse grupo de atores em sua maioria hoje educadores, advogados, profissionais liberais, mas sobretudo, catequistas que levavam a simples manifestação da fé cristã-católica para a comunidade.
Foi utilizada a pesquisa exploratória com base nos princípios bibliográficos buscando na literatura informações sobre o manifesto cultural e artístico da Via-Sacra. A pesquisa fundamenta-se por meio de  entrevistas e anotações dos relatos dos integrantes e responsáveis pelo desenvolvimento da Via-Sacra para coleta de informações importantes sobre o objeto do estudo.
Formosa está localizada no Planalto Central Brasileiro, na Região Centro-Oeste, no Estado de Goiás. É o maior município da micro-região do Planalto Goiano, também pertencendo ao entorno de Brasília e passando a integrar, há pouco tempo, à recém criada região Metropolitana do Distrito Federal. O município de Formosa está situado a uma altitude de 918 metros, tem como coordenadas geográficas 19º 32’ 08” de latitude Sul e 47º 20’ 08” de longitude de W. Greenwich. Precisamente, fica distante aproximada de 90 km de Brasília, ocupando uma área de 5.827,7 km2.
Pode-se afirma que os primeiros registros históricos de Formosa remontam da terceira década do século XVIII, quando Goiás ainda pertencia à capitania de São Paulo, conforme inscrições encontradas nas grutas da Fazenda Araras, que falam da chegada dos primeiros colonizadores.
Assim, nas proximidades da Lagoa Feia, os boiadeiros e garimpeiros que faziam o trajeto entre a Bahia e Minas Gerais, rumo às usinas dos Guaiazes, escolheram o local de suas paradas para o descanso e ali levantaram as primeiras choupanas, cobertas e cercadas de couro de boi, dando origem ao primeiro nome da localidade: Arraial Dos Couros. Nessa época, para evitar prejuízos na extração do ouro e no comércio de bovinos, foram instalados dois registros para as cobranças de tributos, um na parte setentrional da Lagoa Feia e outro a 90 km do Arraial, local conhecido como Arrependidos. Assim, ficou estabelecida a comunicação do sertão com os canais da Bahia e Minas Gerais, registrando-se ainda a passagem pela região dos bandeirantes Urbano do Coeto e Antônio Bueno de Azevedo.
A salubridade do clima e a oportunidade de bons negócios atraíram garimpeiros e fazendeiros de outras regiões, que passaram a se dedicar à formação de fazendas e ao comércio de couros.
Em 1823, o arraial foi elevado a Julgado e já se firmava como centro comercial. Em 1838 foi elevado à categoria de Freguesia, e posteriormente, em 1843, diante das suas belezas naturais e buscando homenagear a Imperatriz D. Tereza Cristina, foi elevado à categoria de Vila, recebendo o nome de Vila Formosa da Imperatriz. Em 1877 passou à categoria de cidade, com o nome de Formosa da Imperatriz e, finalmente, consolidou-se com o nome de FORMOSA. O dia 1º de agosto de 1843 ficou sendo a data oficial do município.

Vestígios de Teatro em Formosa/GO
A Paróquia São Sebastião é uma das Igrejas que tem por fundamentos reliogosos o Católicismo, e é uma das mais antigas da cidade. Os princípios da Comunidade Formosense considera que a experiência humana e todas as suas manifestações se constituem em fator cultural, mas, por coerência e respeito às finalidades que são meios classificatórios do turismo, a expressão turismo cultural possui conotação restritiva e abrangente exclusivamente as atividades que se efetuam através de deslocamentos para a satisfação de objetivos de encontro com emoções artísticas, científicas, de formação e de informação nos diversos ramos existentes, em decorrência das próprias riquezas da inteligência e da criatividade humanas.
Assim, o homem é um ser compelido a aprender sempre mais a respeito de um número sempre maior de idéias e fatos, tanto por sua necessidade inata de evoluir como pelas inúmeras exigências de respostas sociais às expectativas do grupo social a que pertence.
Nesse sentido, a Via-Sacra da Paróquia São Sebastião tem por finalidade trabalhar a fé e retratar os ensinamentos religiosos por meio da apresentação teatral da passagem bíblica que retrata a Paixão de Cristo.
De acordo com as informações coletadas, a Via-Sacra começava com uma caminhada penitencial que tinha como ponto de partida a Paróquia São José localizada na Praça do Pau Ferro em Formosa, e  ia até a chácara São Pedro, localiza na região do Município em uma localidade rural, mais afastada dos bairros.
A caminhada era conduzida pelo Pe. Jarbas Gomes Dourado que promovia os atos que descrevia a Paixão de Cristo. Na Chácara São Pedro o grupo JA ( Juventude e Amor) com participação de outros grupos e atores amadores de outras Paróquias preparavam o cenário, a cenografia, maquiagem e incorporavam suas personagens para chegada do público que percorria o caminho em peregrinação.
Os fundamentos religiosos da apresentação teatral transfigura passagens bíblicas como forma de cultivar a fé e desenvolver a manifestação da fé cristã-católica para a comunidade.
O teatro é uma arte em que um ator ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de dramaturgos ou de situações improvisadas, de diretores e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos no público. Segundo a Enciclopédia Britannica, a palavra teatro deriva do grego theaomai (θεάομαι) - olhar com atenção, perceber, contemplar (1990, vol. 28:515). Theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo[2].

De certa forma, a Via-Sacra tinha por finalidade educar por meio de fundamentos religiosos os fieis pela passagem da Paixão de Cristo transfiguradas em sentimentos e emoção dos fatos discritos na Bíblia.
Para SILVA (2005, p.93) :
O teatro deve se preocupar com os desejos mais estranhos e reprimidos do homem, suas necessidades essenciais, seus mitos, sua inegável angústia, sua realidade e desejos mais secretos, tudo que normalmente é ocultado pela crosta social e pelo pensamento discursivo. A função da arte teatral não é só ensinar a existência, mas dar testemunho dela por meio de sua estrutura ou lógica interna. Ela é uma forma de conhecimento envolve as emoções.

De acordo com SILVA (2005, p. 93):
o homem é um ser compelido a aprender sempre mais a respeito de um número sempre maior de idéias e fatos, tanto por sua necessidade inata de evoluir como pelas inúmeras exigências de respostas sociais às expectativas do grupo social a que pertence.

Dessa forma, verifica-se que  as apresentações teatrais realizadas pelo grupo da Paróquia São Sebastião tornou-se foco de atração religiosa e turística por alguns anos, hoje não mais sendo realizada no local que se deu início e com menos foco do que antes e em condições similares realiza-se na própria igreja.
No último ano da apresentação o grupo JA juntamente com o grupo religioso Rosa de Saron prepararam um espetáculo com uso de som e efeitos especiais, ficando mais atrativo e interessante. Foi realizado no final da tarde o que permitiu o uso de iluminação também.
O chama a atenção no espetáculo é o figurino de época e o cenário natural. Tratando-se de um enredo bíblico, os atores, apesar de serem armadores, transpõem-se na linha do tempo e realmente transmitem de forma incrível a passagem da Paixão de Cristo.
Portanto, a pesquisa realizada permite refletir sobre os vestígios da arte teatral no Município de Formosa/GO, apesar de serem promovidos por atores armadores, apresentam características fortes do teatro brasileiro, em sua criatividade e cores.
O presente artigo teve por finalidade discorrer sobre a história cultural dos vestígios teatrais no Município de Formosa/GO, promovido através da Via-Sacra da Paróquia São Sebastião e o Espetáculo Paixão de Cristo.
Considerando-se que o município de Formosa apresenta uma cultura muito rica, que manifesta hábitos e atitudes passados ao longo de gerações, torna-se de fundamental importância que as políticas públicas de desenvolvimento econômico privilegiem a promoção e aperfeiçoamento de eventos culturais como atrativos turísticos, beneficiando o crescimento sustentável da sociedade local. Espera-se, portanto, que o teatro seja desenvolvido como alternativa cultural e econômica para a melhoria da qualidade de vida da população formosense, promovendo ao mesmo tempo a conservação do patrimônio cultural e artístico local.

REFERÊCIAS
SILVA, P.M. da. O espetáculo teatral e a educação: afinidades e conflitos. Dissertação de Pós-Graduação apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005. Disponivel em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5882/000521566.pdf?sequence=1acessado26/07/2010-14hr.



[1] Graduanda Licenciatura em Teatro pela UNB, Graduanda  Licenciatura em Pedagogia pela FACINTER. Educadora na rede Municipal de Formosa/GO de 2007.